quinta-feira, junho 30, 2005

Marcel Broodthaers
Na Manifesta, que decorreu no ano passado em San Sebastian, foi apresentada "Bateau Tableau" (1973), de Marcel Broodthaers, na Casa Ciriza (muito parcialmente reproduzida em baixo). No Centro de Arte Moderna da Gulbenkian e na Função de Serralves decorrem neste momento exposições do artista. Aqui fica um texto da Manifesta sobre "Bateau Tableau".
"Qué es arte? Cuál es el papel del artista? Cuál es la fución social de um moseo? Marcel Broodthaers (...) esploró estas fundamentales interrogantes. Em 1968, Broodthaers fundó el Museo de Arte Moderno, Departamento de Águilas aludiendo al "museo como ficción" con el propósito de redefinir las fronteras de los modelos dominantes de representación en el arte y la crítica de aquellos anos. La projection de transparencias titulada "Bateau Tableau", rompe com la icnografia de lo pictórico y simbólico y refleja el interés de este artista por desplazar y dislocar representaciones de carácter realista. Al proyectar una transparencia que captura una tradicional figura pictórica de un barco, Broodthaers acentúa los elementos básicos de un objecto artístico con el propósito hacer visible su materialidad y decodificarla simultáneamente".

Pormenor de " Bateau Tableau"


quarta-feira, junho 29, 2005


M. Kobayashi, Shugoarts (Tóquio)
Um espaço convencional com uma disposição menos convencional. O próprio espaço como campo de intervenção, embora neste caso seja “ao de leve”.
O ambiente nunca é neutro, basta por o pé... As estratégias, arrumação dos espaços expositivos foram-se transformando com a noção de espaço de arte instaurada pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque na primeira metade do século XX, com o seu espaço de exposição asséptico e atemporal das galerias do museu; passando pelo espaço da galeria enquanto objecto intervencionado (como as intervenções iniciais feitas em galerias por Yves Klein –apresentou uma galeria vazia chamada “Le Vide” (O Vazio, 1958)-, ou Arman com “Le Plein” (O Pleno, 1960) – encheu uma galeria com lixo até ao teto), até ao Musée D'Árt Moderne, Département des Aigles de Marcel Broodthaers, entre outras.
A revista The Wire na newsletter de Julho traz o link www.thewire.co.uk/web/camera.php para "Patti Smith's intimate performance of "My Blakean Year" for a handful ofjournalists at a press conference for this year's Meltdown Festival [Londres]", mas também outras prestações como dos Matmos, MIRROR/DASH (o casal s.y.), ZEENA PARKINS & IKUE MORI, Diamanda Galas...

terça-feira, junho 28, 2005

Recebi estas informações. A quem interessar...

O NOME QUE NO PEITO ESCRITO TINHAS
Comemorações dos 650 Anos da Morte de D.Inês de Castro
Comissário: Alexandre Melo
Pavilhão Centro de Portugal, Coimbra
4 de Julho a 4 de Setembro
Ana Vidigal Catarina Campino Costa Pinheiro Joana Vasconcelos José de Guimarães Pedro Proença Rui Sanches
Pavilhão Centro de Portugal Ínsua dos Bentos, Av da Lousã
Sexta das 10h às 19h / Sáb e Dom 15h às 20h

Adriana Molder João Pedro Vale Julião Sarmento Paula Rego Vasco Araújo
Galeria de Exposições Temporárias do Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça. 3 de Setembro a 2 de Outubro. Setembro - Todos os dias das 9h às 19h / Outubro - Todos os dias das 9h às 17h

quinta-feira, junho 23, 2005

Programação cultural, autarquias, associações...

A programação cultural, as artes em geral, não se justificam pela sua simples existência, necessitam da validação de um processo de comunicação efectivo, de emissor para receptor em que a mensagem deve ser tornada o mais legível possível, proporcionando qualidade à experiência. Não deve ficar pela auto-referencialidade guardada pelos seus devotos guardiães. Mas também não deve ceder à tentação de validar a sua qualidade pela afluência de público. Uma boa programação não tem necessariamente uma frequência alta. Os exemplos disso mesmo são mais do que muitos.
Verifica-se frequentemente, em particular nas autarquias, que o dinheiro gasto em pretensa programação cultural acaba por ser despesa com entretenimento (dos concertos pop-rock de artistas internacionais a brejeiros locais), com experiências efémeras que aquecem no momento mas não sedimentam. Acontece também que as poucas instituições culturais, fora dos grandes centros, colocam-se frequentemente num papel de intocáveis, porque são os únicos lá na terra e se não fossem eles era um “Ai Jesus!”. Não discutindo a importância do seu papel estruturante já discordo totalmente do unanimismo, muitas vezes reinante, em termos da programação que apresentam. Não é por serem os únicos e terem um papel importante, que estão justificados em termos da qualidade das vivências que proporcionam, devem ser questionados, pelos jornais, pelos interessados; deveriam sujeitar-se a uma discussão que lhes permitisse renovarem-se por dentro. Mas parece que nesta história, frequentemente, uns apanham boleia dos outros, acabando por se encontrarem à hora certa no mesmo local.
Robert Smithson

A divisão do sensível

A arte é elitista. Inscreve-se na ordem do supérfluo na pirâmide das necessidades. Mas, atingindo patamares de bem-estar material não quer dizer que se atinjam de igual modo patamares culturais. Assim, não há uma correspondência reflexiva entre bem-estar material e “competências” culturais.
O espaço das artes é um espaço comum que se inscreve na “divisão do sensível” de que fala Jacques Rancière. «A divisão do sensível mostra quem pode tomar parte no comum em função do que faz, do tempo e do espaço em que exerce a sua actividade. Assim, ter esta ou aquela ocupação define as competências ou incompetências relativamente ao comum. Isto define o facto de se ser ou não visível num espaço comum…»[1]
Não é, certamente, de igual modo importante para todos ver um quadro do Picasso, embora quem tenha visto, talvez possa ficar com a impressão de que seria importante muitos verem. Claro que a situação familiar, a escola, os amigos, o lugar onde se nasceu podem dotar precocemente o individuo com a aptidão para tornar a arte uma necessidade não supérflua e inteligível. Platão apontava as artes como meios indispensáveis para a educação do carácter, susceptíveis de tornarem os Homens melhores e mais virtuosos.
[1] Jacques Rancière, "Le partage du sensible. Estétique e Politique", La Fabrique-Éditions. Paris, 2000, p. 13

quarta-feira, junho 22, 2005


Santo António, São João, São Pedro e todos os santos

Milho trangénico em solo português aguarda aprovação do PR

- A Comissão Europeia autorizou, em Setembro de 2004, o cultivo de 17 variedades de milho transgénico em toda a União Europeia, cedendo, com isto, às fortes pressões das multinacionais que detêm o monopólio sobre essas patentes;

- Países como a Áustria, a Polónia e a Hungria optaram por impor moratórias para proteger a sua agricultura e a sua biodiversidade da contaminação por transgenes, enquanto que a Itália conseguiu adiar o cultivo de milho geneticamente modificado por, pelo menos, mais um ano. Outros países, como é o caso da Alemanha, elaboraram uma legislação tão restritiva que, na prática, o cultivo de transgénicos se tornou impraticável;

- Mais de 100 regiões europeias declararam-se, já, Zonas Livres de Transgénicos, o mesmo tendo ocorrido em mais de 3500 áreas sub-regionais, incluindo concelhos (na França, Reino Unido e Portugal);

- Entretanto, à margem de qualquer auscultação e debate público, o actual Governo, tendo como base um projecto de diploma muito mal redigido ainda pelo seu antecessor, aprovou recentemente legislação sobre a Coexistência de Culturas, encontrando-se esta actualmente para aprovação na Presidência da República.

Na nossa opinião o Diploma sobre a Coexistência não deve ser promulgado !!!
É URGENTE:
* fixar uma moratória ao cultivo de OGMs em Portugal;
* promover de forma alargada o debate e informação sobre os OGMs junto dos agricultores e consumidores em geral;
* responder à questão se Portugal quer ser País Livre de Transgénicos ou, se não, quais as Zonas Livres de Transgénicos a fixar em Portugal;
* e, se for essa a decisão, elaborar com a participação de todos uma legislação exigente e com bases científicas sobre a coexistência.
in Convocatoria da PLATAFORMA TRANSGÉNICOS FORA DO PRATO
ATTAC, AGROBIO, CNA, FAPAS, GAIA, GEOTA, LPN, QUERCUS, SALVA

Robert Smithson (Land Art, DIA Beacon)

quarta-feira, junho 01, 2005

“está claro que la forma de ser de la modernidad es un estado de modernización incesante, compulsiva y obsesiva (y así de perpetua destrucción creativa, de producción de ambivalencia, y de impulso organizativo, de disipación de la estructura, y de una adicción estructural) y la posmodernidad es una condición bajo la cual logramos entenderlo y modificamos nuestras estrategias de vida de acuerdo a esto.”[4].
“Os valores, os artefactos culturais e os universos simbólicos que se globalizaram são ocidentais e, muitas vezes, especificamente norte-americanos, sejam eles o individualismo, a democracia política, a racionalidade económica, o utilitarismo, o primado do direito, o cinema, a publicidade, a televisão, a internet, etc[5]”.
[4] Bauman in texto de conferência Outra vez bajo cero de Kevin Power proferido na Bienal de Lima, que inclui revisões que incorporam fragmentos do catálogo En Búsqueda de una ética, Valência 2001
[5] - Boaventura de Sousa Santos, Revista Crítica de Ciências Sociais, Lisboa, 22/08/02

Bruce Nauman

Ten Heads. Circle In and Out

Gerhard Richter

Passage
A imagem de uma coisa é uma representação parcial e contingente.
A imagem é codificada pelas idiossincrasias do sujeito e por quem a representou. A significação da obra só existe na sua comunicação ao sujeito, é este espaço que interessa. Um pouco como Duchamp fala do movimento das peças de xadrez.
first